Eu não queria estar a cortar no governo outra vez, mas vai ter de ser… Cada vez me surpreende mais a falta de coerência e a parvoíce de certas medidas. Não vou falar da crise nem da austeridade, disso já nem vale a pena. Vou falar da nova lei do álcool, que sempre é um assunto mais fresquinho. O governo de Passos Coelho e sus muchachos, do alto da sua sabedoria e magnificência, anunciou o aumento para 18 anos da idade mínima para aquisição e consumo de bebidas alcoólicas em público. Sim senhores, muito bem, clap clap, estamos a harmonizar com a tendência europeia e, parecendo que não, o álcool faz mal à saúde. Mas afinal voltou atrás, e o diploma saiu, sim, mas só para as bebidas brancas. Aparentemente vinho e cerveja é tranquilo, podemos beber a partir dos 16 anos. Bebidas brancas é que é pior, só podemos beber a partir dos 18. Em público, entenda-se. Porque se o amigo mais velho for comprar ao supermercado e beberem todos em casa ninguém consegue controlar, óbvio. Portanto, continuamos a incentivar os esquemas e as asneiras “às escondidas”, que até sabem melhor quando temos 15 ou 16 anos e achamos que somos mais espertos do que todos os outros. Já para não falar que beber vinho e cerveja em maior quantidade faz tanto mal como vodka e rum em menor quantidade, acho eu, que não sou médica nem percebo nada de matemática… Assumimos então, num diploma oficial, que há álcool mau e álcool “assim assim”, para gáudio dos produtores de vinho e cerveja, cujo lobby, dizem as más línguas, teve assaz importância no volte-face do governo. Mas para mim a parte mais gira disto tudo é a garantia do secretário de Estado adjunto da Saúde, que diz que a intenção não é penalizar os consumidores. Fiquem descansados, meninos e meninas, teenagers ávidos de experiências deste país: se forem “apanhados” a consumir bebidas alcoólicas desadequadas à vossa idade, o máximo que levam é um recado para casa, a fazer queixinhas aos pais de que estavam a beber. Quem se lixa é o estabelecimento comercial, que já tem pouco com que se preocupar, visto que a restauração e bebidas é um negócio que cada vez dá mais, como toda a gente sabe, com IVA e licenças e SPA e certificados e tudo o que é exigido (e muito bem) para ser o estabelecimento perfeito. Portanto, para evitar (mais) multas, o Sr. Manuel da Tasca vai ter de pedir o B.I. aos jovens que entram no estabelecimento e depois vai ter de se lembrar que “este tem 16, posso vender cerveja; este tem 18, posso vender aguardente; este tem 15, fica a ver os outros e bebe uma coca-cola”. Vou acabar por aqui, que esta conversa já me está a dar sede. Até sempre. (Publicado a 9 Maio 2013)
Casa e Mundo. Ou Mundo e Casa. Tanto faz.
Há 2 semanas