quarta-feira, 4 de maio de 2011

Bin? Ben?

Sempre achei que o homem se chamava Osama Bin Laden, mas agora que voltou a estar nas capas dos jornais, tenho visto também Osama Ben Laden... fico sem perceber como é que se escreve e isso irrita-me, detesto não ter a certeza... Parece que mataram o Bin (Ben?), entraram pela casa adentro e lá vai disto. Pelo caminho mataram mais uns quantos, que estavam a atrapalhar. E digo "parece" porque como era de esperar há por aí teorias da conspiração que acham que não, que ele ainda está vivo e é dentista no Havai (vizinho do Elvis, certamente...). O que me ficou desta história toda foi o seguinte: tudo bem que ele não era flor que se cheire, mas também não era preciso vir para a rua comemorar um assassinato. Enchemos a boca para chamar bárbaros aos extremistas, que são do piorio, que fazem trinta por uma linha em nome da religião e blá blá blá, mas depois saimos para a rua para comemorar a morte de alguém. Somos iguais. Os Estados Unidos deram formação militar avançada a esta personagem, ensinaram-lhe os truques todos e depois ficaram muito surpreendidos quando o feitiço se virou contra o feiticeiro. E aposto que não é caso único. O Obama estava a descer a pique nos índices de popularidade e anunciar que se matou o líder inimigo veio mesmo a calhar, nesta altura do campeonato. Ridicularizar o Donald Trump não seria suficiente para ganhar as eleições, até porque o sistema político americano é bastante semelhante a um popular reality show, portanto nunca se sabe o que vai acontecer. O que é certo é que fizeram do Ben (Bin?) um mártir, e a esta hora lá está no céu muçulmano (ou não, ou não...) cheio de virgens e assim, tudo de volta dele. Com um bocado de azar até está lá a mulher que ele usou como escudo humano para se tentar defender. Coitada, que castigo tão irónico seria. E depois também tem graça que nestas alturas vêm sempre aqueles discursos de pessoas que conheciam bem o Bin (?), e ele até parecia ser boa pessoa e era muito bem educado e assim. Já dizia a minha avó que por morrer uma andorinha não acaba a Primavera e parece-me óbvio que por ter morrido o Ben (?) não acaba o terrorismo. A chacina de um líder muitas vezes faz surgir dois ou três ainda piores, já se ouvem os tambores ao longe, com promessas de vingança e represálias nunca antes vistas. Não comemorem, não sejam ingénuos, daqui a dois dias vão andar a chorar a morte de mais não sei quantos inocentes e aí talvez, num rasgo de lucidez momentânea, consigamos entender que o terrorismo não se combate com terrorismo e a violência só gera mais violência. Sou uma crente e uma utópica. Eu sei. Mas tenho-me dado bem com isso.

E agora? Quem será o America's Most Wanted? Até sempre.