domingo, 23 de maio de 2010

"Leve, leve..."

Aterrar em São Tomé é um misto de terror e deslumbramento. Parece que vamos amarar, só se vê azul, mas rapidamente a rudeza da pista e o verde que envolve tudo nos relembram que afinal o piloto até sabe o que está a fazer e que estamos mesmo em terra firme. Ao descer as escadas do avião fico supreendida com a temperatura, vinha mentalizada para um clima muito mais quente. Fico na dúvida se é por ser de madrugada ou se é a minha capacidade inata para suportar climas quentes. São 05h30 da manhã, menos uma hora do que em Portugal, e o aeroporto fervilha de gente. Estamos, definitivamente, em África. Uma multidão imensa espera por nós (e pelos nativos que regressam artilhados de plasmas, fornos eléctricos e microondas), alguns tentam vender colares aos turistas, chamam-nos "amiga", oferecem-se para nos guiar; outros simplesmente contemplam os que chegam. A chegada do voo semanal é um acontecimento na cidade. Sinto-me estranha, diferente, observada. No meio da multidão 3 ou 4 camisolas do Benfica, uma da selecção. Fico a pensar se aquilo seria para nos agradar... provavelmente não.
O lema neste país é "leve, leve...", ensinam-nos os colegas que já cá estiveram, durante o transfer. A estrada que liga o aeroporto ao hotel é quase em linha recta, sempre à beira mar. Casas coloniais transformadas em sedes de instituições, empresas várias, outras abandonadas, ladeiam o caminho. É sábado e algumas pessoas tomam banho no mar. Alguns carros (não antigos... velhos), mais motas, algumas bicicletas. O hotel parece um oásis ao fundo da estrada, dormi durante o voo, claro, mas mesmo assim não consigo deixar de pensar no conforto de uma cama.



Revigorada. Um mergulho na piscina com vista para o mar. Uma tentativa de absorver ao máximo a beleza da paisagem, um respirar fundo de satisfação. Já sinto o sol do meio dia a querer queimar a minha pele quase transparente, que este ano ainda não viu praia. É um trabalho difícil, mas alguém tem de o fazer...



Depois de um almoço espectacular (a comida aqui é uma perdição, acho que vou mais cheinha para Portugal) fomos até ao "Clube Santana". O que mais impressiona é o caminho: pessoas, muitas pessoas, crianças, cães, casas. A beira da estrada é um mundo e o nosso autocarro não se detém, buzina. As mulheres lavam a roupa em tanques partilhados, estendem-na à beira da estrada, em cima de arbustos ou mesmo no chão. Leve, leve. Jovens mães com os filhos nas costas, amarrados com um pano. As diferenças para a nossa realidade são abismais, só visto. Mas não me atrevo a fotografar. É pobreza demais, apesar do sorriso sincero das pessoas que levantam o braço para nos cumprimentar à nossa passagem.
O nosso destino um mini-resort de cerca de 30 bungallows, no meio da selva, paraíso total, mesmo! A simpatia das pessoas é contagiante e faz-nos sentir em casa. Rapidamente esquecemos o que vimos atrás.



Aqui o banho foi de mar e mais uma vez estava à espera de uma temperatura mais quente. Nunca mais vou às Caraíbas, depois de estar naquele mar toda a água parece fria... Às 17h30 o sol já se punha e o jantar foi ali mesmo, à beira mar, com música ao vivo e tudo. Estou a adorar a experiência mas tenho de ir dormir porque amanhã o dia vai ser duro e tenho a sensação de estar acordada há 48 horas. Há alguns bravos do nosso grupo que ainda foram para a discoteca do hotel. Haja coragem!! Até sempre...