Eu, que tenho a mania da perseguição e que acho sempre que a galinha da
vizinha é melhor do que a minha, certo dia acordei com o rabo virado para a Lua,
disposta a tudo, e decidi pegar o touro pelos cornos. Peguei em armas e bagagens
e deixei este cantinho à beira-mar plantado em busca de uma vida melhor. Fui para trás do sol posto, onde o Judas perdeu as botas. Comi o pão que o
diabo amassou numa terra onde quem tem um olho é rei e onde a lei do mais forte
impera. Preguei como Santo António aos peixes, achava que podia mudar o mundo,
teimosa que nem um burro, estúpida que nem uma bota da tropa. Passei as passas do Algarve até que percebi que, por mais que me esforçasse,
ficava sempre tudo em águas de bacalhau. Pior que estragada, entrei a matar,
apostei tudo e perdi à grande. Fiquei sem eira nem beira, sem rei nem roque,
sozinha no mundo e mais triste do que as coisas tristes. Mas a tropa manda desenrascar e enquanto há vida à esperança, nunca é tarde
para recomeçar e quem espera sempre alcança, quanto mais não seja, um pontapé na
pança. Já dizia a minha avó que mulher honrada não tem ouvidos e vozes de burro
não chegam ao céu. Outra volta de 360 graus e bola pá frente que esta vida são dois dias e o
Carnaval são três. Segura-te, Lurdes, que não há amanhã! Vive um dia de cada
vez, como se fosse o último! Carpe diem! Tristezas não pagam
dívidas! Quando Deus fecha uma porta abre sempre uma janela, e escreve direito por
linhas tortas. Mas cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Temos de andar sempre com um olho no burro e outro no cigano. Isto tudo
proverbialmente falando, claro… Até sempre. (Re-publicado a 13 de Junho 2013)
Casa e Mundo. Ou Mundo e Casa. Tanto faz.
Há 1 semana