Já vem um pouco atrasado este post, mas ainda vem porque me parece que é importante. Andamos todos muito escandalisados com as notícias dos velhinhos que são encontrados mortos nas suas habitações, dias, meses ou até vários anos depois de terem morrido. E, de facto, é chocante. Mas estão mortos. Com todo o respeito que devemos ter à morte, mais as pessoas religiosas do que as outras, a verdade é que estão mortos. Não sentem frio, nem fome, nem sede, nem falta de carinho, nem de conversa, nem de estímulos. Estão MORTOS. Tanto faz se passaram 2 dias ou 9 anos, para quem morreu é indiferente.
Vejo a questão por outro prisma: a senhora que esteve 9 anos morta no seu apartamento, por exemplo, se estivesse viva (como se julgava...), tería passado 9 anos fechada em casa, sem visitas de familiares ou vizinhos, sem ninguém para conversar, sem um telefonema, sem um abraço, sem um Natal, sem nada. E há muitos velhinhos a passar por isso, por vezes durante 9 anos, por vezes mais tempo ainda. Isso é que me choca e me revolta. Isso é que deve fazer sofrer quem deu o que tinha a dar durante a vida e que por mais falta de memória que tenha ainda se deve lembrar de todos os que receberam e não souberam dar nada em troca. Às vezes bastava um sorriso e uma palavra amiga para tornar os dias dessas pessoas melhores, já nem falo em coisas que custem dinheiro... enfim... mas isso sou eu, que lá em casa sempre me ensinaram que as pessoas são para tratar bem enquanto estão vivas, que depois de mortas já não há nada a fazer. Pontos de vista. Até sempre.