...o drama de fazer 30 anos é apercebermo-nos que metade da nossa vida (útil) já passou e ainda não fizemos quase nada daquilo que queriamos (queremos) fazer. Não fomos pianistas, nem cantores líricos, nem actores (daqueles a sério, de Teatro), nem ginastas, nem tenistas, nem artistas plásticos. Não fomos nada daquilo que sonhámos quando crescíamos e eramos crianças, quando acreditávamos que a nossa vida só podia melhorar, todos os dias, cada dia. Não conseguimos ser nada disso, embora também tenhamos feito outras coisas igualmente giras e interessantes. Mas o verdadeiro problema é que começamos a perder a nossa capacidade de sonhar. Ninguém começa a ser um pianista fora de série com 30 anos. Começa-se com 2 ou 3 anos, no máximo. E é essa certeza, de que há certas coisas das quais temos de desistir, de que há certos sonhos dos quais temos de abrir mão, é essa sensação de final de etapa que nos deixa um pouco frustrados e assustados com o que ainda vamos conseguir conquistar. Temerosos do tipo de objectivos que vamos traçar para nós próprios nesta segunda metade da vida. Espectantes com as surpresas e contradições que a vida nos reserva, agora que já somos um pouco mais conscientes de que, o mais provável, é que não nos vamos destacar em nenhuma área em que não nos tenhamos evidenciado já. É uma constatação um pouco triste, não? Até sempre.
Foi mal gasto
Há 2 dias