
... não há quem as entenda. Nem eu, que também tive a sorte de ter nascido mulher. Lutámos (e lutamos ainda...) por ter os mesmos direitos que os homens, igualdade no trabalho, partilha das tarefas domésticas, igualdade perante a Lei, igualdade de oportunidades, etc. Mas depois queremos que nos abram a porta do carro, que nos deixem passar à frente, que nos cedam o lugar, que nos ajudem a vestir o casaco, que nos dêem o braço ao entrar num evento, etc. Somos complicadas, aren't we all?
Somos agressivas no trabalho, para parecermos mais fortes do que os homens. Temos de ser inteligentes e provar que o somos, ou então temos fama de só estar em tal posição de chefia por nos termos colocado noutras "posições" menos próprias. Ou porque vamos trabalhar de mini saia à-la-ally-macbeal, o que tem o mesmo efeito. Para vencer num mundo de homens temos de nos vestir "à homem", de fato calça-casaco, de preferência até com gravata. É triste, não?
No outro dia li uma crónica da Margarida Rebelo Pinto (ou outra Margarida dessas que são escritoras e que eu passo a vida a confundir) onde dizia: "Queremos casar com o Che Guevara, mas depois queremos que ele corte a barba". E é verdade. Num sentido lato, claro... nada contra barbas, que eu pessoalmente até gosto, complexos de Electra à parte...
Achamos muito degradante que haja mulheres que vendem a sua imagem (já para não falar do resto...) em clubes de danças exóticas onde se despem, porque inferioriza a mulher e não-sei-quê, mas depois vamos para ginásios ter aulas de danças no varão e vangloriamo-nos disso junto das amigas, porque somos muito modernas e estamos a revitalizar a nossa relação (estamos?).
Ficamos danadas quando vamos ao shopping e não conseguimos estacionar o carro sem bater com a porta no carro do lado ao abrir, porque os arquitectos que fizeram aquilo (homens certamente...) não deixaram espaço suficiente para estacionar e abrir as portas à vontade. Mas quando criaram lugares especiais para mulheres num shopping em Santa Maria da Feira, com mais espaço e "carinhosamente" marcados no chão a cor-de-rosa, ficámos muito ofendidas porque estavam a insinuar que as mulheres conduzem pior do que os homens e isso é descriminação e o diabo a 7. Lugares esses que já foram apagados, a pedido de muitas associações feministas revoltadas do país.
Criámos leis de paridade, para termos mais mulheres envolvidas nas decisões políticas do país! Obrigamos as mulheres a participar, quer queiram quer não!? Mas a ideia não era as pessoas serem livres de escolher, independentemente do género??
A cereja no topo do bolo: em França, para proteger os direitos das mulheres proibe-se o uso da Burka em locais públicos. Mas se eu sou uma mulher livre e quero andar de Burka ou de véu ou seja lá o que for, porque é que não posso? Vá-se lá entender as mulheres. Até sempre...
Nota importante: este post foi escrito no "plural de humildade" e não no sentido de me incluir nestas problemáticas. Afasto-me para ver melhor.