sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Amesterdão

Ando à que séculos para vir aqui falar disto mas não tenho tido tempo para nada, com tendência a piorar... e depois ele já deu o testemunho aqui e eu fiquei meio sem vontade de escrever, porque já estava (quase) tudo dito. Mas mesmo assim venho falar-vos um bocadinho do que vi por lá...
 
O que surpreende mais nesta cidade são as "quantidades bíblicas" de bicicletas que por lá andam todos os dias. Já sabia que seria assim, mas a realidade é muito mais catita do que o que eu imaginava. Há bicicletas para todos os gostos, com cores, com flores, meio partidas, com cestos para as compras, com cestos para crianças, com luzinhas, capainhas, you name it. Não é raro vermos pais e mães com os dois filhos na bicicleta, as compras, o portátil ao ombro e ainda a falar ao telemóvel. São uns habilidosos, estes holandeses, e fazem com que aquilo pareça fácil. Não é. A cidade está completamente preparada e feita para as bicicletas, com faixas próprias de rodagem, semáforos próprios e estacionamentos adequados, mas mesmo assim, o turista que se arrisca a alugar uma bicicleta vai perceber que o melhor é ir andar lá para o meio do parque, que andar no meio dos prós das bicicletas, com automóveis, scooters, trams e peões a atrapalhar não é para todos. Principalmente se, como eu, a última vez que tinham andado de bicicleta corria a década de 80 e andavam nas estradas pouco concorridas da Fonte da Telha... enfim, apanhei um valente cagaço quando quase choquei com uma scooter e trouxe uma recordação de Amesterdão na canela que ainda hoje me mostra o porquê de eu não andar mais vezes.
 
Mas trouxe outras: as ruas cheias de gente, feitas a régua e esquadro, alinhadas com os canais, tudo muito limpo e arranjadinho, os prédios cuidados, sem que se perceba muito bem se são centenários ou foram feitos ontem porque quer uns quer outros estão impecavelmente conservados e seguem a mesma linha, a simpatia de quem se cruza connosco e percebe (ou não) que não somos de lá, as esplanadas, as lojas, as praças, os artistas de rua, os barcos, a atitude descontraída e livre de quem vive bem e sem preconceitos. Já tinha sentido isso em Londres, dá-me sempre a sensação que se sairmos nús à rua ninguém perde tempo a olhar duas vezes para nós, porque a mentalidade é de que cada um sabe de si. Nada a ver com a nossa mentalidade pequenina do nosso país pequenino à beira mar plantado. Também por isso convivem pacificamente bares com farmácias, lojas de flores com coffe shops, casas de prostituição com lojas de roupa, padarias com smart shops, mercados de rua com museus e hotéis gay friendly com igrejas. É tudo uma grande paz, também ao nível do comércio e dos serviços.
 
Adorei a cidade e um dia gostava de lá voltar, o marido quer ir para lá viver (coisa que lhe acontece frequentemente cada vez que vai a algum lado, mas se está mais de 7 dias sem ver o castelo começa logo a ter arritmias por isso não sei porque diz essas coisas...) e eu pela primeira vez acho que era capaz, sim, de viver num país mais frio e com menos sol. Tenho é de melhorar os meus skills ao nível dos meios de transporte com duas rodas. Até sempre.

2 comentários:

  1. Gostei muito de ler! Ja tinha lido na Preguiça :)
    Fiquei com vontade de conhecer e sentir isso tudo na pele.. Ver.. gravar e recordar.. :)

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  2. Obrigada! Sim, vai lá ver que vale mesmo a pena. Boas viagens. RG

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