Nem preciso de contextualizar, toda a gente tem amigos ou família que se viram forçados a emigrar. Eu tenho vários, aliás, se fosse aproveitar todos os convites dos amigos que estão longe, dava a volta à Europa e ainda fazia uma visita à Malásia, ao Brasil e ao Senegal. Infelizmente, com muita pena minha, e pelo mesmo motivo que os levou a emigrar, não posso: não tenho dinheiro para isso.
Mas não são só os emigrantes. Também conheço casos de migrantes, alguns bem próximos de mim, mas infelizmente, tão longe. Quando penso neles, e penso muitas vezes, só me vem à cabeça o Adriano Correia de Oliveira:
“Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão (…)”
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão (…)”
Pois… nem só de Grândolas vive a nossa história… Mas o que me entristece não são os que emigram porque vão ganhar o triplo do salário, viver numa vivenda brutal com empregada a tempo inteiro, ter mais tempo e melhor para estar com a família directa (que podem levar com eles), passar a madrugada a correr na praia e o final do dia a relaxar num spa.
A esses eu só tenho de dar os parabéns e ficar muito feliz com a escolha que fizeram e com o que conseguiram na vida. A mim o que me deixa furiosa são as pessoas que são obrigadas a emigrar (ou migrar) para estagiar de borla, para ganhar dois ordenados mínimos, para conseguir sequer ter um emprego, porque cá não conseguem. Pessoas que sacrificam todos os dias a possibilidade de estar com os filhos, com as famílias, dormir na casa que andam a comprar com tanto esforço, para viver em condições piores, só porque não é opção ficar. Qual exportação de inteligência qual quê, exploração de afectos, isso sim. Até sempre. (Publicado em 14 Março 2013)