quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Preguiça#8: Procura-se Papa



O Papa demitiu-se. Disse adeus. Bazou. Ou resignou, ou o que lhe quiserem chamar. Acho bem. Acho que já era tempo de os mais velhos darem lugar aos mais novos quando já não se sentem capazes de desempenhar as suas funções. O que não é muito fácil, com os cortes nas reformas antecipadas e com o aumento da idade de reforma. Pelos vistos, o nosso Governo não concorda comigo. Este exemplo do Papa podia ajudar a resolver o problema do desemprego (e o problema dos profissionais cheios de boa vontade mas demasiado chechés para cumprirem com o que lhes é pedido). Quê? Nunca vos aconteceu depararem-se com ninguém assim? Um empregado de mesa quase surdo? Um médico que não sabe usar um computador? Uma cabeleireira que só sabe fazer cortes dos anos sessenta? Não?! Estão cheios de sorte. É que uma pessoa nem pode reclamar porque eles não têm culpa, são vítimas do sistema. Mas já me estou a desviar… Mário Soares, ironia das ironias, veio dizer que esta decisão do Papa, inédita por sinal, vem comprovar que este é um Papa muito equilibrado e inteligente. Lá está… mas eu, no fundo, desconfio que deve ser um suplício ter uma profissão que só se abandona por morte. É que quando fazes asneira começam a acontecer atentados e tentativas de assassinato e tal, à laia de carta de despedimento. O homem devia andar aterrorizado. E, assim, olha: fica para a História como o Papa que mudou as leis do jogo. Por isso, malta jovem e desempregada, ‘tá a mandar currículos para o Vaticano, que deve ser a única profissão do mundo onde não exigem experiência nas mesmas funções. O problema é que, mais uma vez, terão de emigrar para conseguir emprego. Mas deve valer a pena… emigração de luxo. Até sempre.