terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Preguiça#7: Sai uma revolução, s.f.f.


O ministro Miguel Relvas, esse grande querido que tantas alegrias tem dado ao País e tantos jornais tem vendido, participou esta semana num debate no “Clube dos Pensadores”, o que a meu ver foi logo à partida um terrível erro de casting. Quando chegou a vez de o senhor falar, logo se levantaram na atenta plateia cerca de uma dezena de pessoas a cantar a uma só voz o “Grândola, Vila Morena”. O ministro tentou levar a coisa na desportiva, foi buscar o seu melhor sorriso amarelo e também tentou cantar, assassinando ao microfone este belo hino da Revolução.
Querido Relvas, se um dia fores para o desemprego, como muitos dos portugueses que ajudas a desgovernar, por favor não vás cantar para o Metro, porque podes muito bem morrer à fome com essa voz de cana rachada, já para não dizer algo pior. Como se isso não bastasse, porque ninguém tem culpa de nascer a cantar mal, não sabias a letra, e isso sim, já me parece mais grave, tendo em conta todo o simbolismo da canção. A teu favor, devo dizer que  também já se sabia que a memória não é uma das tuas melhores qualidades, pelo menos a julgar pelas barbaridades que dizes num dia e negas passado uma semana. Não sei se tens noção de que normalmente estás a ser filmado e eles – quem diria? - gravam o som. O meu conselho é que não deixes o teu emprego de dia, agarra-te a ele com unhas e dentes, mesmo quando todos à tua volta te disserem que se calhar era melhor demitires-te.
Escusado será dizer que com governantes destes não vai ser fácil fazer outra revolução. Então uma pessoa vai para um sítio para cortar a palavra a um dos braços direitos do governo e o asno ri-se e ainda começa a cantar?! No fim ainda agradeceu e bateu palmas?! Então mas o homem é assim tão limitado que não percebeu que as pessoas não estavam a cantar com ele, nem para ele, mas sim contra ele?! Bem fizeram os alunos do ISCTE, que nem lhe deram hipótese de falar: ao menos assim não houve equívocos. Se não fosse verdade, até podia ter alguma piada. Até sempre. (publicado a 21 de Fevereiro 13)