Se estiverem a ler isto significa que o mundo não acabou. Significa que os Maias estavam equivocados e o Nostradamus continua a ser, até prova em contrário, um grande charlatão mal traduzido. Se assim for, devo estar muito feliz porque quando estive no México o guia queria impingir-me um calendário maia e eu não fui na conversa. Gosto pouco de calendários que acabam a 21 de Dezembro. Mais feliz porque isso significa que este projecto, que andava nas gavetas e nas conversas de hora de almoço há já algum tempo, foi finalmente para a frente. E tinha tudo contra, até a eventualidade do fim do mundo. Ainda mais feliz por me terem convidado para dar este pequeno contributo ao qual espero corresponder, já que a escrita é totalmente amadora e as ideias enviesadas e parciais, como a de qualquer blogger que se preze.
Posto isto, ainda bem que o mundo não acabou antes de este projecto avançar, até porque era um evento que não estava previsto na agenda. Daqui para a frente vai estar, como é óbvio. Porque se está sempre a acontecer qualquer coisa e continuamos a ouvir por portas e travessas que “não se passa nada”; se continuamos a assistir a espectáculos que dão trabalho e dão despesa e dão sustento aos artistas e até são interessantes em salas meio cheias de habitués; se continuamos a deixar de ir a sítios e vivenciar coisas únicas, só pode ser porque essa informação não está acessível. Acabaram-se as desculpas, desfrutem.
Aproveitem esta experiência pré-apocalíptica para encarar a vida de uma forma mais intensa e desfrutar do que está aqui tão perto, às vezes ao lado, às vezes grátis. Levantem os reais traseiros do sofá e deixem a preguiça de lado. Que qualquer dia é fim do mundo outra vez e depois é tarde. Estou para ver o que é que os maluquinhos que andaram a encher garagens e abrigos subterrâneos com compotas e enlatados vão fazer àquela mercearia toda. Até sempre.