O Gato dos Gatos

Eu até gosto dos Gato Fedorento e até acho que o Ricardo Araújo Pereira é um querido e isso tudo, mas o que presenciei ontem por breves instantes na Livraria Arquivo deixou-me estupefacta e incrédula. Parece que o Ricardo escreveu um livro (diz que...). Parece que foi lançado agora na altura do Natal, que é sempre uma altura óptima para lançar livros, porque durante o ano são raros os que compram livros mas no Natal há sempre alguém que merece um livro e sempre é uma prenda que não pesa muito (só no orçamento, claro... que isto hoje em dia já não há livros baratos), nem temos de pensar grandemente em qual, qualquer um serve porque ao contrário da lingerie, pode ser trocado se o presenteado já tiver ou se achar que não lhe serve.

Adiante, a Livraria Arquivo, que é uma boa livraria e que até tem iniciativas interessantes, deu um passo maior que a perna e espetou com o R. A. P. a autografar livros. A fila estendia-se desde a caixa (no piso inferior), passando por toda a escadaria, até à parte de cima, onde o referido "Gato" suava em bica a autografar livros de admiradores sedentos. Em pleno mês de Dezembro e com um frio insuportável na rua, o "Fedorento" tinha razões para fazer juz ao nome, estava com uma ventoinha do Lidl ligada na sua direcção e mesmo assim morria-se de calor dentro do estabelecimento, fervilhante de homens, mulheres e crianças, todos a quererem um pedaço do Gato.

Sinceramente tive pena dele. O sucesso é uma coisa complicada. É óbvio que ele o tem e que vai vender muitos livros e ainda bem para ele e para a editora dele. Já não via uma histeria assim desde que a senhora Carolina Salgado se lembrou de fazer o mesmo. Mas tive pena dele por outros motivos. Era hora de jantar e ele devia de estar cheio de fome mas não podia fazer uma pausa, muito menos mandar as pessoas embora. Estava um calor de morrer e os fãs não só queriam o livro autografado como queriam que constasse o nome do presenteado ou deles próprios, queriam uma fotografia com o Ricardo (hoje em dia qualquer pessoa tem uma câmara oculta no telemóvel) e, como se não bastasse, alguns ainda queriam que ele imitasse o Scolari para ficar registado que era mesmo ele (R.A.P.) que alí estava!!! Incrível! Atroz! Pobre gato fedorento! Até sempre...